Por Luís Antônio Licks Missel Machado – luis@www.odykeller.com.br
A inflação, segundo os teóricos economistas, é um fenômeno muito complexo de desvalorização do poder de compra de uma moeda. Assim, a população só se dá conta dessa situação quando precisa juntar “mais dinheiro” para comprar a mesma quantidade do mesmo produto.
Portanto, assim como no caso de uma doença sorrateira, a inflação só é descoberta pelos seus efeitos. Quando, por exemplo, os “preços gerais disparam”. Ela não é exatamente como quando a seca faz diminuir a produção do leite tornando-o “mais raro” e portanto mais caro. A inflação é pior do que isso, ela faz com que todos os bens da economia, mesmo “não estando em falta”, fiquem mais caros.
No caso das “doenças” muitas vezes não se sabe qual é a sua causa, e aí, quando se descobre, já pode ser tarde. Porém, no caso da inflação é diferente, e se sabe a causa. Segundo o renomado professor da USP, Fábio Nusdeo, para haver inflação é preciso de alguma conivência do governo e das autoridades monetárias…
No Brasil, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA de março apontou aumento “geral” de preços em 0,47%. Assim, no período de 12 meses (entre abril de 2012 e março de 2013), os “preços gerais” subiram 6,59%. Alguns produtos aumentaram muito mais do que isso, pois além de subir “pela inflação” ainda subiram por questões de choque de oferta, etc. Os alimentos subiram em um ano 13,48% (mais que o dobro da inflação). O tomate subiu 122%, e a farinha de mandioca, no nordeste, subiu 300% em 3 meses.
Portanto, não há nenhuma dúvida que a inflação voltou no Brasil, e de que está “subindo”. Mas então, se a inflação é algo péssimo para a vida da sociedade, será que os teóricos economistas estão certos ao dizer que a inflação só ocorre com a conivência do governo? Será que é possível que o nosso governo esteja favorável a isso, ou será que não estão adotando as medidas de política econômica de forma eficaz?
Para responder essas perguntas, podemos repassar as páginas dos jornais brasileiros e veremos a posição oficial da Presidenta do país, ao dizer: “não concordo com políticas de combate à inflação que olhem a redução do crescimento econômico” (JC, 28/03, p.5). Aí se justifica a Presidenta ter indicado um Ministro da Fazenda que em 12 de julho de 1994, na Folha de São Paulo, ao criticar o Plano Real que salvou o país da hiperinflação, ter dito que a inflação baixa poderia ser tão ruim quanto uma inflação de 30% ou 40% (http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/o-pais-quer-saber/as-fantasias-do-real-por-guido-mantega).